Esta obra é um longo trabalho de investigação, neste caso com o mérito de resultados e aplicação prática profissional imediata na determinação percentual das rubricas mais genéricas dos custos de construção por tipo de edifício, diferenciada em número de pisos e forma estrutural.
Um trabalho de uma utilidade prática notável, ainda hoje profusamente utilizado pela maioria dos avaliadores e disseminado a partir de formulários de preenchimento obrigatório, distribuídos pelas direcções de avaliação patrimonial bancárias.Muitos o utilizarão sob a forma de excel, poucos conhecerão o trabalho donde tais quadros são oriundos.
Na estrutura de custos, por tipos de trabalhos o autor decompõe por elementos padrão os diferentes trabalhos previstos numa edificação, numa longa amostra de múltiplos projectos, segundo critérios previamente definidos com vista à homogeneização de dados. Saneia a amostra por meio da estatística descritiva e recorre exaustivamente à regressão linear simples para encontrar relações de custo por número de pisos em elementos de obra previamente desagregados, por grupos de elementos, por tipos estruturais e por grandes grupos como toscos e acabamentos. Procede à análise de resultados observando parâmetros da inferência estatística.
Dedica ainda um capítulo à explanação de metodologias correntes para garantia da Qualidade na indústria de construção civil.
Curioso para nós, porque “conivente” com parte do nosso trabalho, é o facto de Bezelga ter procurado uma relação entre Custo e Qualidade e ter constatado que, citamos: “- os ensaios de regressão linear sobre Q revelaram relações fracas (o valor máximo para o coeficiente de correlação r foi obtido para a variável 16 - «Revestimentos finais exteriores» , com r2=0,143.”.
Um baixíssimo coeficiente de determinação. Contudo o autor atribui esse facto às médias amostrais nesse grupo (revestimentos) serem de Qualidade semelhante. Registamos que nas conclusões finais o autor abandona quaisquer considerações sobre Qualidade. Pensamos que em consequência das muitas regressões feitas sem que tenha encontrado nexo de causalidade.
Constata-se que na definição das percentagens finais das respectivas estruturas de custos, Bezelga apresenta propostas de diferenciação quanto ao número de pisos, quanto ao tipo de uso e quanto ao tipo estrutural, mas nunca diferenciadas na repartição de custos por qualquer ideia de constatação prévia de Qualidade.
Sublinhamos estas anotações sobre Qualidade pela coincidência que constatámos em idênticas ocorrências em parte do trabalho que desenvolvemos "O CIMI Face à Inferência Estatistica". Onde reforçámos a convicção que produzimos sobre a fraca correlação do valor de mercado com a Qualidade.
Bezelga repete a metodologia para estimação de quantidades de aço, betão e cofragem por m² e por m³, em estruturas tipificadas. No último módulo propõe métodos de avaliação da Qualidade na fase de projecto e de gestão dos processos do ambiente interior e exterior de produção na fase de execução. Refere os métodos Sel, Qualitel e Consistência Útil para projectos de edifícios de habitação e propõe o controle estatístico em acções e planos separados da produção, para gestão da Qualidade em execução de obra.
- Artur Adriano Alves Bezelga; 1984; “Edifícios de Habitação - Caracterização e Estimação Técnico-Económica.”
Palavras-Chave: Estruturas de Custos; Quantidades; Qualidade