sexta-feira, 26 de julho de 2013

MEDIAÇÃO AINDA POUCO OPTIMISTA


Mediação ainda pouco optimista quanto ao futuro

Segundo o Inquérito Mensal de Conjuntura (IMC) da Associação de Profissionais e Empresas de Mediação de Imobiliária de Portugal (APEMIP), em Junho a confiança das Empresas de Mediação Imobiliária continua em terreno negativo. O arrendamento continua a estar no cerne do mercado, entre os principais obstáculos ao desenvolvimento da actividade imobiliária salientam-se a contínua restritividade bancária a elevada diminuição de poder de compra e a instabilidade no mercado de trabalho.

Contudo, denota-se à semelhança do mês anterior uma ligeira animação do mercado, ao qual não será alheio, por exemplo o constante ajustamento entre a procura e a oferta, as mudanças de âmbito legal, os designados golden visa.

Mediação imobiliária continua a rejuvenescer

No mês de Junho, tendo por referência base a informação facultada pelos participantes do IMC no que diz respeito à dimensão média das empresas de mediação imobiliária (usando como referência o número médio de colaboradores), era em cerca de 43,6% dos casos constituída por dois ou menos colaboradores, 40% entre três a cinco. De mencionar, que cerca de 16,4% dos inquiridos mencionam um número de colaboradores superior a seis.

Do total de empresas inquiridas durante o mês em análise, cerca de 54,6% menciona que exerce a sua actividade no mercado imobiliário, num período temporal que varia entre cinco a dez anos. O mercado imobiliário lida correntemente com uma multiplicidade de desafios, que se centram em grande escala na esfera económica, não obstante, em Junho (com valores superiores a meses transactos) continuou a verificar-se um contínuo rejuvenescimento deste sector, com 7,3% das empresas a exercer em a sua actividade há menos de dois anos.

A diversificação do produto imobiliário continua a ser uma característica dominante das empresas de mediação imobiliária. No mês de Junho, entre os segmentos com maior nível de incidência, à semelhança de meses anteriores destacam-se o residencial, comércio e terrenos urbanos. A indústria continua a apresentar-se como o segmento com menor representatividade. No mês em análise, apenas cerca de 34,5% dos inquiridos menciona o exercício de actividade na indústria.

Mercado residencial e terrenos rústicos mais estáveis

O mês de Junho, tal como em meses anteriores, teve um sentimento negativo, no que se refere ao desempenho da actividade da sua empresa. Este foi um sentimento verificado nos diferentes segmentos de mercado, à excepção do residencial e dos terrenos rústicos (no qual a percepção de manutenção, foi um traço distintivo no mês em análise). Dos que evidenciaram um comportamento acentuadamente pessimista, destacaram-se os terrenos urbanos (59,5%) e os escritórios (58,1%).


Fonte: Diário Imobiliário

sexta-feira, 17 de maio de 2013

METODOLOGIAS CLÁSSICAS E METODOLOGIA CIENTIFÍCA DE AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA

LIVRO _1

A Avaliação Patrimonial Imobiliária urbana e rústica, teve um progresso         significativo na última Década, em todo o  mundo Anglo-Saxónico e até no Brasil,                sendo mesmo considerada uma especialização em Engenharia de Avaliações,            principalmente pela Introdução da Metodologia Científica, como suporte aos métodos  técnicos até então utilizados.


Embora exista alguma literatura nacional sobre avaliações, que trata do assunto na perspectiva das metodologías tradicionais, não se dispõe em Portugal de nenhum livro que mostre os passos para a apliacação da Metodologia Científica na Engenharia de Avaliações.Este livro pretende dar uma visão geral sobre as Metodologias Tradicionais e sobre a Metodologia Cientifíca, ao mesmo tempo que através de dois casos de estudo e exemplo – Parque das Nações e Vila da Nazaré – faz a análise comparada dos resultados estimados pelo Método CIMI, com os estimados pela Metodologia Cientifíca

No CIMI desprezou-se a lei da oferta e da procura, característica mais básica de uma economia de mercado. O Decreto-Lei n.º 287/2003 na sua extensão confere ao Método CIMI um estatuto de rigor quase científico, porque regulamentarmente incontestável, carácter que claramente não tem, e importa em nossa opinião, denunciar e corrigir tal presunção.


NOTA: Aos  que pretendam adquirir qualquer dos livros, enviá-lo-emos por correio após boa cobrança por sistema Pay-Pal ou cartão de crédito.



LIVRO_2


Este livro pretende dar uma visão  sobre as mais modernas Metodologias Cientificas em uso e estudo em todo o mundo, através de uma aplicação e caso estudo para determinação do valor da localização, carta de isovalores e avaliação em massa.

A conjugação da metodologia de regressão espacial com a geoestatística dá lugar aos modelos já por alguns denominados de Modelos Geoespaciais. A superioridade destes modelos em relação aos estimados pela Econometria Tradicional, com simples regressão espacial, está comprovada neste trabalho, pelos critérios da IAAO (International Association of Assessing Officers) de estudos de rácios para avaliações em massa, numa aplicação a dados reais extraídos do mercado imobiliário.

O método adoptado mostrou que é possível a utilização de dados de mercado de todos os tipos de imóveis para determinar o valor da localização na avaliação em massa. Os factores de localização mostraram um efeito similar para todos os tipos de imóveis e a estimativa de valorização específica para cada tipo foi modelada por regressão. O resultado mostrou que é possível realizar avaliações em massa por métodos inferenciais com estimativas confiáveis e consistentes para todos os tipos de imóveis em simultâneo, inclusive para aqueles tipos que se encontram em número limitado ou muito dispersos numa determinada região, a partir de um número reduzido de variáveis, mas onde o conhecimento prévio do valor da localização é fundamental.

Neste trabalho a inferência será realizada pelo método da Krigagem, que leva em consideração tanto efeitos locais como efeitos globais para as estimativas finais, ou seja, é função dos dados e da covariância espacial. Para realização do estudo foi considerada toda a área urbana da Vila de Nazaré. Assim, com base numa amostra de 175 dados, desenvolvem-se procedimentos e metodologias de ajustamentos espaciais com a finalidade de identificar e mensurar padrões, estruturas e variabilidade espacial dos preços dos terrenos em toda região em estudo, com base em modelos de avaliações em massa.

terça-feira, 14 de maio de 2013

"CONSTRUTORES ACUSAM BANCOS DE AVALIAREM CASAS ABAIXO DO VALOR DO FISCO"


“É um abuso, uma injustiça”. É desta forma que o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) classifica o facto de os bancos estarem a avaliar casas por um valor que “não chega a metade do valor patrimonial tributário”.
Os bancos estão a avaliar casas “em um quarto do valor normal de mercado” e que “não chega a metade do valor patrimonial tributário”, acusa o líder da CPCI, citado pelo “Diário de Notícias”. Em causa estão os imóveis que são dados como garantia de financiamentos bancários.

Reis Campos classifica esta actuação como sendo “um abuso, uma injustiça total”, até porque, defende, “há casos absolutamente escandalosos e quase criminosos”.

“É intolerável que um banco atribua a um imóvel um preço inferior em 75% ao que definiu há apenas três anos”, critica o representante das construtoras. São “práticas lesivas” que “estão a colocar em prática a sobrevivência de muitas empresas”, denuncia Reis Costa.

Não deveria o título ser «Construtores acusam fisco de avaliarem casas acima do valor da Banca»?

sexta-feira, 10 de maio de 2013

ANÁLISE COMPARATIVA DO ERRO NO CIMI / MÉTODO CIENTIFÍCO

No Quadro 7.5 apresenta-se um resumo comparativo das avaliações patrimoniais resultantes da aplicação do Método Cientifico, com as avaliações patrimoniais resultantes da aplicação do Método CIMI, para o mercado  da Vila da Nazaré.


Este resumo comparativo é feito  sobre todos os 27 apartamentos que constituem a amostra sobre a qual se aplicou o sistema desenvolvido, sendo um número estatisticamente suficiente para a caracterização do erro de cada um dos dois métodos usados.

O Quadro 7.5 apresenta uma relação dos  apartamentos com os seguintes itens e significado:

Mercado (em €) – é o valor pelo qual o imóvel foi transaccionado.

85% Mercado (em €) – é a cotação que a D.G.C.I. pretende atingir com a aplicação do novo método. Explicando-se a pretensa redução pela conveniência de precaver a hipótese de valorações especulativas promovidas pelos próprios serviços de avaliação da D.G.C.I.

Sistema (em €) – é a estimativa de valor  para o imóvel pela aplicação do método cientifico.

% Erro (SISTEMA) – é a percentagem de erro sobre o valor de mercado, resultante da estimativa de valor para o imóvel pelo sistema desenvolvido.

CIMI (€)  – é a estimativa de valor  para o imóvel pela aplicação do Método CIMI.

% Erro (CIMI) –  é a percentagem de erro sobre  85% do valor de mercado, resultante da estimativa de valor para o imóvel pelo Método CIMI.

Nota:
No Quadro 7.5 a descrição “O mesmo imóvel do outro lado da rua”, é uma curiosidade que pretende mostrar a diferença de cotação em zonas limites e contíguas do zonamento.



No Quadro 8.5 apresentam-se  os valores auxiliares à determinação das medidas de tendência central e medidas de dispersão do erro característico, do sistema desenvolvido para a Vila de Nazaré.

Na sequência, determinou-se  os limites superior e inferior do erro médio para um intervalo com um nível de confiança de 80%.

Atendendo-se a que a amostra é reduzida a 27 dados adoptaram-se os parâmetros característicos da distribuição tipo “t” de “Student” , constatando-se não haver necessidade de qualquer saneamento de elementos da amostra face ao critério de Chauvenet.

Obtiveram-se os seguintes resultados para o Erro do Sistema Desenvolvido:



Média aritmética do Erro:   5,72 %        Desvio Padrão do Erro: 4,04 %

Nível de confiança desejado :80% . Percentil correspondente : 0,90

Da tabela de “t – Student “,  para 26 graus de liberdade e um t = 0,90 obtém-se um tc = 1,32
 Limites de confiança do Erro    
Limite superior do Erro: Ls = 5,72 % + 1,04 %  =  6,76 %                 
Limite inferior do Erro:Li = 5,72 % - 1,04 %  =  4,68 %                 
Assim, o valor do Erro do Sistema Desenvolvido para a Vila de Nazaré com um nível de confiança de 80% será de  5,72 % ±1.04% .

O coeficiente de variação da amostragem é:              
Cv = S / X  =  0,706



No Quadro 9.5 apresenta-se  os valores auxiliares à determinação das medidas de tendência central e medidas de dispersão do erro característico do Método CIMI para a Vila de Nazaré.

Na sequência, determinou-se  os limites superior e inferior do erro médio para um intervalo com um nível de confiança de 80%.

Atendendo-se a que a amostra é reduzida a 27 dados adoptaram-se os parâmetros característicos da distribuição tipo “t” de “Student”, constatando-se não haver necessidade de qualquer saneamento de elementos da amostra face ao critério de Chauvenet.

Obtiveram-se os seguintes resultados para o Erro do Método CIMI :

Média aritmética do Erro:19,48 %
Desvio Padrão do Erro:13,32 %
Nível de confiança desejado :80% . Percentil correspondente : 0,90

Da tabela de “t – Student “, para 26 graus de liberdade e um t = 0,90 obtém-se um tc = 1,32

Limites de confiança do Erro
Limite superior do Erro: Ls = 19,58 % + 3,45 %  =  23,03 %                 
Limite inferior do Erro: Li = 19,58 % - 3,45 %  =  16,13 %                 
Assim, o valor do Erro do Método CIMI para a Vila de Nazaré com um nível de confiança de 80% será de  19,58 % ± 3,45% .

O coeficiente de variação da amostragem é:              _
Cv = S / X  =  10,04


Análise Comparativa do Erro – Vila de Nazaré

O erro do Método CIMI face à Metodologia usada no Sistema Desenvolvido, pode no caso do mercado de apartamentos na Vila de Nazaré ser sintetizado pelas medidas de tendência e dispersão resumidas no Quadro.
Observe-se que a caracterização do erro do Método CIMI é feita em relação a 85% do valor de mercado, caso a consideração fosse sobre o valor de mercado pode-se presumir, grosso modo, que os parâmetros do erro característico seriam  ainda 15% maiores.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Imobiliário para Chinês, com “VISTO GOLD”


Portugal poderá ser uma "chave dourada" para investidores chineses entrarem na Europa, diz Winner Xinli Xing, presidente de uma agência chinesa de emigração, acerca dos novos "vistos gold" concedidos pelas autoridades portuguesas.

Pelas contas daquele empresário, cerca de 400.000 famílias chinesas possuem "mais de um milhão de dólares em dinheiro" e muitas delas querem ter "um estilo de vida global".

"Em 2012, Chipre vendeu 1.200 casas a clientes chineses", realça Xinli Xing a propósito da autorização de residência naquele país a quem comprar uma casa de pelo menos 300.000 euros.

"Se os promotores portugueses se interessarem pelo mercado chinês podemos chegar às 2.000 casas já este ano", acrescentou.

Em Portugal, a fasquia é mais alta (500.000 euros), mas com uma vantagem que Chipre, que não faz parte do espaço Schengen, não pode oferecer: a possibilidade de viajar por mais 25 países europeus.

Segundo a legislação publicada há dois meses e meio, os estrangeiros que criarem pelo menos dez postos de trabalho ou efetuarem um depósito bancário superior a um milhão de euros também têm direito à Autorização de Residência para Atividades de Investimento (ARI).

"A facilidade de viajar no espaço Schengen e a possibilidade de ter património fora do país são as principais motivações", disse Duarte Pinto Gonçalves, responsável da PG Consulting, uma das três empresas portuguesas representadas na Feira de Imobiliário de Pequim que terminou no passado fim de semana.

Para a PG Consulting, empresa sedeada em Macau e parceira da PLMJ, sociedade portuguesa de advogados com escritório em Pequim, os números falam por si: "Se houver mil famílias chinesas a comprar uma casa de 500.000 euros em Portugal isso representa a entrada de 500 milhões de euros na economia do país".

António Clímaco, da imobiliária Castelhana, que participou há um mês numa feira idêntica em Xangai, constatou que "os chineses são muito rápidos a reagir".

"Quase todas as semanas temos agendadas visitas de prospeção (de clientes chineses). Prevejo mais de 500 operações em 2013", disse.

A Consultan também se mostrou animada: "Num dia atendemos mais de trinta pessoas. As expectativas são boas", disse Guilherme Grossman.

Duas imobiliárias chinesas, uma dos quais com um 'stand' onde sobressaía o retrato de Cristiano Ronaldo, promoviam igualmente o "visto gold" concedido por Portugal.

"É um programa de investimento e não de imigração, dirigido à classe média alta chinesa que viaja com frequência para a Europa. Desde janeiro, já foram a Portugal dezenas de chineses interessados", disse o embaixador Tadeu Soares pouco antes de concluir a sua missão na China, no passado dia 05 de abril.

Nuno Batista, diretor da Soulfato, empresa portuguesa com sede em Hong Kong que está também a explorar as novas oportunidades, referiu que, após uma recente visita a Lisboa, um dos seus clientes mostrou-se "disposto a investir dez milhões de euros na reabilitação de edifícios devolutos".

"Os chineses começam a ver Portugal como um país seguro para investir", disse Nuno Batista.

O primeiro "visto gold" foi entregue há cerca de mês em Nova Deli a um empresário indiano pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.

Fonte: iOnline

sábado, 30 de março de 2013

CIMI, FÓRMULA DEDUZIDA


 Em resultado da análise dos distintos factores, a determinação do valor patrimonial tributário (valor matricial) dos prédios urbanos para habitação, comércio, indústria e serviços, resultará da aplicação da seguinte expressão:


         Vt = Vc x (Aa x 1.00 + Ab x 0.30 + Ac x 0.025 + Ad x 0.005) x Ca x Cl x Cq x Cv

Atender-se-á ainda às directrizes do Anexo II  da Portaria nº 982/2004, nas definições constantes da qualidade construtiva, de localização excepcional e de estado deficiente de conservação.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

ARTIGO AO CONGRESSO CONSTRUÇÃO; COIMBRA 2012 (PARTE_2)

4.1 Regressão por mínimos quadrados

Tomando antilogaritmos na equação de regressão, o valor unitário homogeneizado pode ser calculado a partir da expressão anterior como é mostrado a seguir:

VH= VU / [ e^(10,26075199 / ABCONSTRUÇÃO½+0,5056724753 * MORADIA+0,2649307131 * APARTAMENTO+0,04463118538 * COMERCIO-0,3721095487 * VETUSTEZ+0,02212837202 * PADRÃO²-0,0002694291287 * ATTERRENO)]

A partir da análise do semivariograma omnidirecional de VH observa-se que os dados apresentam grande dependência espacial até uma distância de alcance um pouco superior aos 1302 metros. Nos modelos de regressão espacial, a estimação desta distância de vizinhança é geralmente determinada a priori, de forma externa aos dados. Esta distancia definirá a dimensão da Matriz W. Uma matriz de pesos espaciais ponderada por linha, calculada com base no inverso da distância entre os imóveis, que é a abordagem universalmente recomendada para análise de mercado imobiliário em modelos de preços hedónicos.


                     Fig. 1 Localização dos dados da pesquisa de mercado, veja-se [14]


                   Figura 2 Semivariograma omnidireccional de VH homog.
                               por regressão por mínimos quadrados.



4.2  Regressão espacial

A análise de auto correlação espacial dos residuos do modelo de mínimos quadrados pode ser observada na Tabela 2.
   
INDÍCES DE MORAN I


Moran I
0.05144
Moran I - Estatística
3.97843
Significância
0.00007
Média
-0.01257
Desvio-Padrão
0.01609
INDICES LM ROBUSTO


Erro Espacial
7.08707
Erro (significância)
0.00776
Desfasagem Espacial
4.79497
Desfasagem (significância)
0.02854

     Tabela 2. Diagnóstico de autocorrelação espacial.

Os resultados mostram a existência de forte auto correlação espacial: o teste de Moran e os dois testes do modelo espacial do erro mostram-se fortemente significativos.


MODELO DE MINIMOS QUADRADOS
MODELO ESPACIAL DO ERRO
Coeficiente de Determinação
0,4777375
0,7640690
Coeficiente de Correlação
0,6174214
0,8642411
Fisher-Snedecor
22,22
60,45
Confiabilidade Mínima
0,99
0,99
Significância
0,01
0,01

         Tabela 3.  Comparação entre modelos de MQ e Espacial

Na análise de sensibilidade do modelo espacial verifica-se que, com o aumento da área bruta de construção, o valor unitário do imóvel  decresce 13.69%. Decresce ainda 13.22% com o aumento da vetustez, cresce 6.46% com o aumento do padrão, cresce 0.24% com o aumento em latitude, decresce 20.02% com o aumento em longitude, cresce 149.29% se se tratar de moradia, cresce 111.91% se se tratar de apartamento, cresce      114.10% se se tratar de comércio, e cresce ainda 7.66% com a área de terreno associado. A análise de sensibilidade é coerente com a realidade.


4.3 Aplicação do método geoestatístico

Tomando antilogaritmos na equação de regressão espacial, o valor unitário homogeneizado VH pode ser calculado como é mostrado a seguir:

VH = VU / (+113,7132577 / ABCONSTRUÇÃO½ +12,76930522 * MORADIA +10,05209251 * APARTAMENTO +10,21754563 * COMERCIO -5,431664172 * VETUSTEZ +1,752486109 * PADRÃO +0,009212188898 * ATTERRENO)²

A análise da auto correlação dos novos dados VH através do ensaio de um semivariograma estrutural omnidireccional, revelaram ser um conjunto de valores fortemente independentes sem auto correlação que permita o ajustamento a qualquer modelo teórico de semivariograma. Estes novos dados crescentemente homogeneizados e fortemente assimétricos, são um índice representativo da percentagem não explicada da variável dependente. Ou seja, será representativo do valor unitário do metro quadrado dos imóveis, não atribuível aos atributos físicos e construtivos e, em tese, representativo do valor da localização relativa dos dados da amostra.

Este novo índice VH de  baixa variância,  baixo valor absoluto e grande assimetria, foi adicionado  ao modelo inicial de regressão por mínimos quadrados (MQO) como uma nova variável explicativa do modelo.  Tomando os antilogaritmos obtivemos do novo modelo por minimos quadrados a seguinte equação de regressão,:

VALOR/M2 = e^(+6,882672018 +9,009842078 / ABCONSTRUÇÃO½ +1,170634601 * MORADIA +1,027712928 * APARTAMENTO +1,115007951 * COMERCIO -0,3949747045 * VETUSTEZ +0,02003085739 * PADRÃO² +0,0008549415707 * ATTERRENO -2,469002367 / VH2½)

Finalmente, de acordo com o modelo obtido, o valor da localização dos imóveis pode ser obtido da seguinte forma:

Valor/m2 da localização :            Valocal = e^(6,882672018 -2,469002367 / VH2½)

O semivariograma omnidireccional de Valocal aparece na Figura 2, onde pode ser analisada a estrutura de variação espacial, mostrando menor variância para as observações mais próximas e maiores variâncias para as observações mais distantes.

                            Figura 2. Semivariograma experimental omnidireccional da variável Valocal


A análise dos semivariogramas experimentais para todas as direções comprova a existência de um padrão de variação espacial esférico de semivariograma. Os semivariogramas obtidos mostram que os dados apresentam uma variabilidade devida à estrutura espacial que responde por cerca de 50% da variância total, sendo os outros 50% devidos a outras causas.  Os parâmetros deste semivariograma podem ser observados na Tabela 4.

PARÂMETRO
NOTAÇÃO
VALOR
Efeito Pepita
Co
218
Patamar
Ct
6436
Alcance
a
608
Ângulo de Anisotropia
< 
Factor de Anisotropia
F
0.914

Tabela 4. Parâmetros do Semivariograma Estimado

O alcance máximo da dependência espacial é de 608 metros na direção N/S enquanto o factor de anisotropia igual a 0.91 indica que o alcance da influência entre observações na direção E/W é igual a cerca de 91% da distância de influência na direção N/S.

Utilizando os parâmetros do semivariograma e uma grade de krigagem de 100 metros de lado foi realizada a krigagem da variável Valocal, sendo estimados os valores do atributo VL (valor da localização) em locais não amostrados a partir de dados amostrados na mesma área. A nova variável VL (Valor da Localização)  é assim o resultado das estimativas da krigagem por blocos do valor médio  da variável Valocal. O método da krigagem produz uma suavização nos dados, diminuindo os valores extremos devido às características da interpolação, aos parâmetros do semivariograma e também à homogeneização produzida pela krigagem. O suporte informativo do valor da localização deixou de ser Valocal pontual conforme a amostragem e passou a ser contínuo e em superfície com uma grelha de 100x100m policromática com um gradiente de variação do valor de localização de aproximadamente 30 €/m2, agora com a designação de VL.


O resultado da krigagem permite analisar e interpretar consistentemente a complexa interação e fatores de valorização e desvalorização da região. Os resultados apresentam coerência com a realidade da área de estudo possibilitando uma fácil interpretação. A variável VL obtida pela krigagem representa de forma consistente a valorização e desvalorização das diferentes localizações a partir das informações contidas na amostra de mercado.



                                  Figura 3. Carta de Isovalores da Variável VL (montagem)


4.4 Modelo de Avaliação em Massa

Para verificar a significância estatística da variável VL foi calculado um novo modelo de regressão por mínimos quadrados onde VL ( com os valores de Valocal) é incluída como variável explicativa. Os resultados do novo modelo de regressão, observados na Tabela 5, mostram a forte significância da variável VL, eliminando a auto correlação espacial nos resíduos e o poder de explicação geral do modelo.


                                       Tabela 5. Tabela de resultados para variáveis


A variável explicativa VL (Valocal), que representa o valor da localização dos imóveis, mostra-se como uma das variáveis individuais com maior grau de significância.

Os testes de normalidade e homocedasticidade dos resíduos mostraram resultados satisfatórios. A Figura 4 mostra graficamente a normalidade dos resíduos do modelo, comparando o valor dos resíduos com o seu valor normal esperado, obtendo-se um ajuste adequado.



                                 Fig. 4. Gráfico de normalidade dos resíduos da regressão

Outro resultado muito importante é o referente aos testes de autocorrelação espacial dos resíduos da nova regressão por MQO. Na Tabela 6 pode ser observado o resultado do diagnóstico de auto correlação dos resíduos, onde todos os testes mostram que a nova regressão não apresenta auto
correlação espacial dos resíduos.

INDÍCES DE MORAN I


Moran I
-0.0149
Moran I -Estatística
0.09187
Significância
0.992680
Média
-0.01682
Desvio-Padrão
0.02090
INDICES LM ROBUSTO


Erro Espacial
0.36635
Erro (significância)
0.54500
Desfasagem Espacial
2.27020
Desfasagem (significância)
0.13188
                   Tabela 6. Testes de autocorrelação espacial do novo modelo de MQO


Os testes de Moran e do Multiplicador de Lagrange para os modelos do erro e da variável dependente mostram que não existe auto correlação significativa nos resíduos da regressão, verificando-se somente a possibilidade de um pequeno erro por desfasagem espacial.

O modelo de avaliação em massa proposto permite calcular o valor para todos os diferentes tipos de imóveis incluídos na amostra e em toda a área considerada.

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

1. O método permitiu estimar um índice do valor da localização fortemente significativo no modelo de avaliação em massa. O método utilizado mostrou que o valor da localização de um imóvel é o resultado da interação de diversos pólos e efeitos de valorização e desvalorização. Este valor pode ser considerado como uma variável regionalizada e modelado por geoestatística. A multiplicidade de pólos de valorização ficou evidenciada na carta de isovalores, cada um deles caracterizado por uma área de influência, gradiente e anisotropias de variação específicas.

2. O método utilizado mostrou que o semivariograma experimental omnidirecional foi uma ferramenta útil para estimar a dimensão da matriz de vizinhança da regressão espacial com critérios objetivos, definindo o principal parâmetro da matriz, a distância máxima de vizinhança, em função da análise dos dados de mercado.

3. O método adotado mostrou que é possível a utilização de dados de mercado de diferentes tipos de imóveis em simultâneo para predizer estimativas na avaliação em massa e para determinar o valor da localização. Os fatores de localização mostraram um efeito similar para todos os tipos de imóveis e a estimativa de valorização específica para cada tipo de imóvel foi modelada por regressão por minimos quadrados. O modelo final MQO incluindo a variável de localização estimada apresentou desempenho superior ao modelo espacial do erro, melhorando o seu poder explicativo.

5.2 Recomendações

1. O método proposto poderá ser de grande utilidade na implementação de Sistemas de Informações Geográficas (SIG´s) nas Câmaras Municipais, instrumento já adotado por alguns municípios. Na maioria das situações com um upgrade em análise estatística, baixo investimento de capital e reduzida mobilização de meios técnicos e humanos, conseguir-se-á uma permanente atualização e manutenção de um hipotético sistema de avaliação patrimonial mais eficiente e rigoroso. Conseguir-se-á a elaboração de plantas de valores genéricos atualizadas de prédios urbanos e terrenos, em concordância com  reais valores de mercado e de um modelo de avaliação em massa. Proporcionará uma melhoria de instrumentos para politicas de ordenamento do território e para políticas de equidade fiscal. Permitirá o traçado de cartas de isovalores para a localização, atual razão para todas  as inseguranças e “angústias” do avaliador patrimonial, margens de subjetividade e erros de avaliação.

2. A normalização da avaliação imobiliária em Portugal, de metodologias e de profissionais, tendo subjacente a normalização europeia na adoção de métodos estatísticos  e  um mercado de serviços de avaliações periciais mais esclarecido e esclarecedor com um decorrente mercado imobiliário e fundiário mais regulado e transparente seria um ganho social e económico relevante para a população em geral. Nesse sentido nova regulamentação da atividade de avaliação imobiliária em Portugal, deveria ser estudada porventura em parceria com o Conselho Nacional das Ordens Profissionais e através desta, elaborada proposta de lei à Assembleia da República.

Em nossa opinião, justifica-se a assunção pelo meio académico, do ensino regular das modernas e mais tradicionais metodologias de avaliação imobiliária, como uma disciplina curricular, no âmbito de formações com componente em gestão de empreendimentos e em particular nos cursos de engenharia civil e arquitetura, parece-nos absolutamente pertinente, dada a maior convergência e aptidão destes profissionais, desde sempre reconhecida pelo mercado, para este tipo de serviços. A total ausência de regulamentação do sector, seja no acesso à atividade, seja no modo como é exercida, tem-se traduzido na prática, por um significativo atraso generalizado no conhecimento e aplicação das melhores regras de arte desta profissão técnica, que tem nos profissionais de engenharia civil e arquitetos os principais intérpretes. A proliferação da oferta de cursos de pós-graduação nesta área, alguns com mais de década e meia de edições, é bem sintomática da procura e da necessidade de formação que os imensos profissionais desta técnica sentem.


REFERÊNCIAS
[1] L. Anselin, Spatial Econometrics. Discussion paper, Bruton Center, School of Social Sciences, University of Texas at Dallas, 1999.
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