quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Limitações dos modelos hedónicos no tratamento dos efeitos de localização.

As limitações mais importantes encontradas nos modelos tradicionais de avaliação de imóveis por regressão encontram-se no tratamento apropriado das variáveis de localização e na falta de consideração dos efeitos espaciais nos resíduos do modelo.

As variáveis de localização, por serem de difícil enumeração e delimitação, podem provocar problemas de diversa índole nos modelos de regressão. Tradicionalmente, as variáveis de localização são incorporadas nos modelos de duas formas: como variáveis de vizinhança, definindo zonas consideradas homogéneas quanto às suas características de localização ou como variáveis de acessibilidade, considerando a distância a pontos ou centros de valorização.

As duas formas de considerar estas variáveis apresentam dificuldades de consideração nos modelos de regressão: por um lado, as zonas homogéneas são difíceis de delimitar com eficiência e critérios objectivos (Gonzalez, 2000). Muitas propostas têm sido desenvolvidas para superar este obstáculo mas continuam a ser de difícil aplicação. Exemplos disto podem ser encontrados no uso de Análise Multivariada para o estudo de zonas homogéneas feito por Can (1990) e na proposta de zonamento de uma cidade realizada por Cano Guervós (1999). Silva et al. (2004) propõem um método de definição de zonas homogéneas apoiado em Sistemas de Informações Geográficas (SIG), usando informações sobre características construtivas dos imóveis, qualidade dos serviços públicos e análise de valores de mercado dos imóveis.

Muitas vezes são utilizadas como supostas regiões homogéneas as divisões geográficas provenientes de outros fins como, por exemplo, limites de bairros, distritos ou sectores. Porém, esta divisão dificilmente resulta em homogeneidade real, dificultando assim a significância estatística das variáveis construídas. Por outro lado, mesmo seguindo critérios objectivos para a definição e delimitação das zonas homogéneas, se estas regiões forem geograficamente extensas a homogeneidade não será significativa e se forem muito pequenas pode não haver dados suficientes de mercado para serem analisadas nas equações de regressão. Estas dificuldades produzem outro tipo de problemas nos modelos hedónicos: a representação inadequada dos fenómenos de localização que pode levar à autocorrelação espacial dos resíduos, afectando assim toda a análise estatística.

Por outro lado, a consideração de variáveis de distância a pólos de valorização enfrenta problemas similares. A definição do alcance efectivo de influência de cada pólo valorizador, a forma funcional da variação do valor com a distância, a existência de anisotropia no efeito de um pólo valorizador e a quantidade de dados de mercado podem afectar a significância estatística dos pólos de valorização de uma região. Estes problemas também podem produzir erros autocorrelacionados espacialmente, questionando a validade do modelo de regressão.

Segundo Dantas (2002), quando se trabalha com dados de corte transversal como no caso dos modelos hedónicos estimados para o mercado imobiliário, não tem sentido habitual testar a autocorrelação serial dos resíduos, sendo sim este cuidado indispensável nos dados de séries temporais. Mas quando se trabalha com dados distribuídos espacialmente, como é o caso dos dados imobiliários, podem surgir erros de medição em relação à localização exacta do imóvel assim como efeitos de interacção e difusão espaciais. Estes efeitos causam um factor adicional que deve ser considerado no modelo de regressão tradicionalmente utilizado na engenharia de avaliações: a autocorrelação ou dependência espacial. Não considerar estes efeitos, como rotineiramente vem ocorrendo na avaliação imobiliária, pode gerar problemas sérios no modelo, pois a presença de autocorrelação espacial nos resíduos provoca ineficiência nos parâmetros estimados e os testes de significância e intervalos de confiança não são tão válidos, podendo as decisões tomadas com base neles serem enganosas.

Desta forma, a dependência espacial dos valores observados em relação aos valores dos imóveis vizinhos provocará um erro de especificação no modelo, pela exclusão de uma variável independente importante que fará as avaliações tendenciosas e inconsistentes.

Ainda, segundo os mesmos autores, existem fortes razões para aceitar a hipótese de autocorrelação ou dependência espacial nos dados de mercado imobiliário: em primeiro lugar porque os imóveis construídos num determinado bairro de uma cidade apresentam características estruturais semelhantes (tamanho, projecto arquitectónico, entre outras) em virtude dos imóveis existentes influenciarem na construção de novas unidades; em segundo lugar, porque os imóveis que pertencem ao mesmo bairro dividem questões locais de convivência como serviços de polícia, escolas e áreas de lazer. As características estruturais são relativamente fáceis de medir e contemplar nos modelos hedónicos. A medição das características de localização é bem mais complexa. No entanto, elas são muito importantes na formação dos valores e devem ser incorporadas no modelo.

Segundo Pace (1998), as avaliações feitas com base em técnicas de estatística espacial, como, por exemplo, a metodologia de regressão espacial, apresentam melhor capacidade de previsão desde que consigam captar os efeitos locais das características omitidas no modelo tradicional. A Engenharia de Avaliações tem utilizado historicamente ferramentas desenvolvidas para observações não correlacionadas, quando na realidade muitas vezes os resíduos de regressão mostram valores semelhantes em forma de clusters quando localizados espacialmente, especialmente ao longo de ou próximos dos pólos de valorização.

Mas, não necessariamente em todos os casos, os modelos espaciais terão melhor desempenho do que os modelos de regressão tradicional. Quando a estrutura de autocorrelação espacial dos dados for fraca ou for possível de ser considerada através de variáveis de acessibilidade simples, os modelos espaciais podem não apresentar vantagens em relação aos modelos não espaciais (Gao et al., 2002).

Segundo Malpezzi (2002), uma das áreas mais promissoras para o desenvolvimento teórico e prático dos modelos hedónicos está relacionada com a modelagem da estrutura de autocorrelação espacial e o uso da tecnologia de Sistemas de Informações Geográficas, especialmente em aplicações orientadas às avaliações em massa de imóveis.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Modelos aditivos e multiplicativos


Os modelos de valor dos imóveis podem ser classificados como modelos aditivos, multiplicativos e mistos.

Os modelos aditivos consideram que o valor dos imóveis pode ser obtido como a soma de componentes correspondentes à influência de diferentes factores, sendo deste tipo o modelo clássico que expressa o valor de um imóvel como a soma do terreno mais a parte construída (Chica Olmo, 1994; e Dantas, 1998):

VTotal = VTerreno + VConstrução

Os modelos aditivos têm sido amplamente usados na literatura de avaliação imobiliária.

A avaliação de um imóvel como a soma de uma parte correspondente ao terreno e outra correspondente à construção é muito utilizada nas avaliações em massa de imóveis para fins tributários. Porém, os modelos aditivos pressupõem independência entre os termos somados da equação. O valor do imóvel como a soma do terreno e da construção implica que os valores da construção e do terreno são independentes entre si e esta hipótese é considerada altamente restritiva e inadequada para a realidade do mercado imobiliário (Chica Olmo, 1994; Dantas, 1998; Cano Guervós, 1999: Gloudemans, 2002).

A hipótese de independência implica também que os factores de localização influenciariam apenas o valor do terreno e não o valor da construção e então o valor de uma determinada construção edificada sobre um terreno não dependeria do valor do terreno nem da localização, conclusão que não corresponde à realidade do mercado imobiliário.

Os modelos multiplicativos, por outro lado, modelam o valor do imóvel por meio do produto de factores:
Vtotal = F1*....*Fn

Podem também ser estimados por regressão múltipla considerando como variável dependente o logaritmo do valor do imóvel:

Log (Vtotal) = Log (F1*....*Fn)
Log (Vtotal) = Log F1 +.... + Log Fn

Uma das importantes vantagens dos modelos multiplicativos sobre os aditivos encontra-se em que os primeiros permitem analisar a interacção entre variáveis independentes (Dantas, 1998). Segundo este autor, uma das vantagens que apresenta a transformação logarítmica da variável dependente, e pela qual ela é muito utilizada nos modelos de regressão de valor dos imóveis, é que ela permite a construção de modelos multiplicativos.

Os modelos multiplicativos permitem ainda encontrar um método para homogeneizar os dados de mercado, como pode ser verificado em Lima (1995), Dantas (1998) e Gámez Martinez et al. (2000).

Outra característica diferenciadora entre modelos é o tipo de imóvel que tentam analisar. Enquanto na maioria dos trabalhos científicos publicados a amostra de dados de mercado pertence apenas a um tipo específico de imóveis, por exemplo, somente terrenos ou apartamentos, alguns estudos propõem a modelagem conjunta para diversos tipos de imóveis no mesmo modelo.

Os modelos multiplicativos mostram-se mais apropriados para a modelagem conjunta de vários tipos de imóveis.

Segundo Gloudemans et al. (2002), os modelos de avaliação para terrenos são comparativamente mais problemáticos e têm menor precisão do que os modelos para imóveis construídos, especialmente nas áreas muito urbanizadas e de maior valorização. Geralmente os terrenos são escassos e existem muitos interessados em adquiri-los (especuladores, empresas construtoras e empresas comerciais), fazendo os seus preços terem maior variância. Os modelos que combinam terrenos e construções permitem obter vantagens quanto ao tamanho da amostra e estabilidade dos respectivos modelos, particularmente em áreas muito urbanizadas.

O estudo desses autores analisa se os modelos combinados têm a mesma capacidade de predição do que os modelos separados. Para isso, considera três amostras de dados de mercado pertencentes a três áreas da cidade de Edmonton, Alberta, Canadá. A cidade de Edmonton é dividida em 11 áreas para fins de avaliação. As três amostras contêm 1345, 2549 e 4571 dados de imóveis, sendo terrenos 31.2%, 15.7% e 20.5% respectivamente.

O estudo conclui que os modelos combinados permitem avaliar terrenos e construções sem perda significativa de precisão em relação aos modelos separados obtendo maior estabilidade. Para isto, devem ser incluídas no modelo variáveis que diferenciam os terrenos dos imóveis construídos.

Gloudemans (2002) também apresenta um estudo onde são incluídos no mesmo modelo diferentes tipos de imóveis, terrenos e construções. O estudo inclui imóveis que pertencem a três cidades: Jefferson County (Denver, Colorado), Clareview (Edmonton, Alberta) e Ada County (Idaho). As amostras são de respectivamente 4836, 4382 e 12821 imóveis, com percentagens de terrenos sobre o total da amostra de 4.5%, 20.5% e 14.6% respectivamente. As variáveis de localização são classificadas em variáveis de vizinhança (zonas homogéneas) e variáveis de acessibilidade e são testados 5 modelos que incluem todos os imóveis da amostra. O objectivo do estudo é analisar se as variáveis de localização influenciam da mesma forma os terrenos e os imóveis construídos.

O estudo conclui que a modelagem conjunta de terrenos e construções permite obter resultados de maior estabilidade e confiabilidade, principalmente no caso dos terrenos, que constituem em geral um tipo de imóvel que é difícil de encontrar em quantidade suficiente para modelagem nos grandes centros urbanos, dificultando uma correcta avaliação dos mesmos. O estudo conclui também que uma percentagem de terrenos de 4.5% da amostra foi suficiente para obter um modelo geral de avaliação adequado, sem perda de precisão.

Carlos Trivelloni (2005) apresenta um método para a determinação do valor da localização dos imóveis, usando técnicas de estatística espacial. Entre todas as variáveis que influenciam no valor dos imóveis, as variáveis ou factores referentes à localização dos mesmos são as mais complexas de analisar e modelar. A multiplicidade de factores ambientais, sociais e económicos que influenciam no valor dos imóveis numa determinada região é difícil de ser modelada adequadamente pelos métodos inferenciais tradicionais, provocando problemas de especificação nos modelos e autocorrelação espacial nos resíduos, comprometendo a confiabilidade da avaliação.
Os modelos de estatística espacial, em especial os de regressão espacial e os métodos geoestatísticos, são usados neste trabalho de forma combinada para estimar o valor da localização dos imóveis.

O modelo de regressão espacial do erro é utilizado para homogeneizar os valores observados de uma amostra de mercado de imóveis heterogéneos e este valor homogeneizado é analisado e modelado por métodos geoestatísticos.

A krigagem por blocos permite estimar uma variável regionalizada que representa o valor da localização dos imóveis. O semivariograma dos valores observados na amostra de mercado também é usado para a estimação da matriz de pesos do modelo de regressão espacial.


Uma aplicação do método é realizada para uma amostra de mercado de dois bairros do município de São José, Santa Catarina, Brasil. O método proposto permitiu encontrar um índice do valor da localização dos imóveis que se mostra fortemente significativo no modelo de regressão para todos os tipos de imóveis da região e que modela de forma coerente e consistente o efeito do conjunto de pólos de valorização presentes na região. A estrutura espacial do índice de localização estimado elimina toda a autocorrelação espacial nos resíduos do modelo de regressão, melhorando o poder explicativo e a confiabilidade da avaliação.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

ITeCons,2ª edição do Curso de Inferência Estatística e Regressão Linear Simples e Múltipla.


Nos dias 20 e 27 de janeiro e 3, 10 e 17 de fevereiro, irá decorrer no ITeCons, a 2ª edição do Curso de Avaliação Imobiliária - Curso básico de Inferência Estatística e Regressão Linear Simples e Múltipla.
Inscrições e informações em http://www.itecons.uc.pt/index.php…

domingo, 15 de janeiro de 2017

É Perito Avaliador de Imóveis? Pare já! Isto é um assalto!

quinta-feira, janeiro 12, 2017

É claramente aquilo que apetece dizer ao ler a recentemente publicada Portaria nº 342-B/2016, referente ao novo regime de taxas de supervisão da CMVM.

No que respeita à actividade dos Peritos Avaliadores de Imóveis, registados na CMVM, peço a vossa atenção para o artigo 5º-A, aditado à Portaria n.º 913-I/2003 (agora alterada), que diz o seguinte:

«Artigo 5.º-A

Serviços de supervisão contínua da atividade dos peritos avaliadores de imóveis

1 - É devida à CMVM, por cada perito avaliador de imóveis registado na CMVM, pessoa coletiva ou singular, uma taxa anual, pela supervisão contínua dos serviços por si prestados, no valor de:

a) (euro) 600, quando o valor total das avaliações imobiliárias realizadas no ano anterior seja superior a (euro) 20 000 000;

b) (euro) 300, quando o valor total das avaliações imobiliárias realizadas no ano anterior seja igual ou inferior a (euro) 20 000 000.

2 - Para efeitos do disposto no número anterior, quando o perito avaliador de imóveis for pessoa singular, não são consideradas no cômputo do valor total as avaliações imobiliárias realizadas em nome e por conta de perito avaliador de imóveis que seja pessoa coletiva

A partir de agora, cada Perito Avaliador registado na CMVM, seja pessoa colectiva ou singular, terá de pagar uma taxa a essa Instituição. Lê-se no preâmbulo da referida portaria que «a CMVM é exclusivamente financiada por receitas próprias, sendo a quase totalidade dessas receitas constituída pelo produto das taxas devidas pelas empresas e outras entidades destinatárias da atividade da CMVM, em contrapartida dos serviços prestados pela mesma.»

A pergunta que se exige é clara: que serviços prestou a CMVM aos Peritos Avaliadores todos estes anos? Mais ainda, que serviços está a pensar prestar aos Peritos Avaliadores a partir de agora? Que fez a CMVM para prevenir, por exemplo, o aumento desenfreado do crédito habitação em Portugal e de que forma regulou a actividade de avaliação desses imóveis? O que fez relativamente às avaliações realizadas para Fundos de Investimento? Como tem controlado e como pensa controlar essa actividade? Como pensa actuar esta Instituição por forma a prevenir futuros riscos?

Obviamente, a resposta é simples: nada! A CMVM pouco ou nada contribuiu e contribui para o mercado imobiliário em Portugal. E a presente portaria nada adianta relativamente a este assunto. É só pagar.

São cerca de 1.500, as entidades singulares e colectivas registadas na CMVM como Peritos Avaliadores de Imóveis. Assumindo um valor de € 300 por cada uma delas, o mínimo legalmente previsto, estamos a falar de uma receita mínima de € 450.000 por ano, um acréscimo na ordem dos 2,5% ao seu orçamento de receitas.

Dito assim, parece pouco, mas para muitos peritos avaliadores é bastante. O mercado está mais competitivo, mais exigente, mais profissional, isto ao mesmo tempo que se verifica desde há anos uma contínua queda nos honorários pagos. É uma vergonha aquilo que se paga em muitos trabalhos de avaliação imobiliária! Um perito avaliador tem de pagar as deslocações, o seguro de actividade (que não é barato), zelar pelo seu próprio sistema de back-ups e segurança de informação, zelar pela confidencialidade no tratamento de dados. Agora, terá ainda de pagar mais uma taxa por um serviço nulo!

Mas o número de peritos inscritos não se esgota (ou não se deveria esgotar) na potencial receita que a CMVM vai obter. Importa também perguntar o que faz a CMVM para garantir a qualidade do trabalho e do serviço que os peritos prestam? O que faz a CMVM para garantir ao mercado que os peritos inscritos têm efectivamente conhecimentos e capacidade para prestar um serviço de qualidade ao mercado? E, por fim, que formação (inicial e contínua) exige a CMVM aos peritos e como controla a qualidade dessa formação e de quem a presta?

Uma nota final: o preâmbulo da portaria refere ainda o conjunto de entidades que foram ouvidas no âmbito da sua elaboração. Nelas, apenas consta a ANAI como entidade relacionada com a actividade de avaliação imobiliária. Como sabemos, existem outras entidades comparáveis. Que representatividade tem a ANAI no mercado? É questão para perguntar: que força temos? Que poder associativo temos para defender os nossos reais e verdadeiros interesses? O que têm feito as associações do sector nesse sentido? O que fizeram neste caso? Como se coordenam e colaboram entre si? Será agora uma boa altura para se discutir de vez o interesse em termos uma Ordem dos Avaliadores Imobiliários?

Bons negócios (imobiliários)!

sábado, 14 de janeiro de 2017

Modelos de valor. Factores influenciadores do valor.

Modelos de valor. 
Factores influenciadores do valor. 

Tradicionalmente, na literatura de avaliação de imóveis, são considerados como principais factores influenciadores da explicação do valor dos imóveis os factores de vizinhança, de acessibilidade e as características próprias construtivas do imóvel (Can, 1990). Além desses factores principais também são considerados como importantes outras informações como a época da avaliação, a economia geral da região, as leis vigentes (tributárias, de planeamento e gestão urbana) e a situação legal do imóvel, entre outras.

Os modelos de valor, que expressam a relação do valor como variável dependente com os factores influenciantes como variáveis independentes, têm sido tradicionalmente tratados por métodos econométricos e são chamados modelos hedónicos de preços, onde o peso relativo de cada variável explicativa no valor total do imóvel é modelado por regressão múltipla.

Segundo Goodman e Thibodeau (1995 e 1997), a equação geral de preços hedónicos de imóveis pode ser expressa da seguinte forma:

V = f(L,S,N,P,t)

Onde V é o valor estimado de mercado, L representa as variáveis características do lote, S corresponde às variáveis estruturais ou construtivas do imóvel, N representa as variáveis correspondentes à vizinhança, P corresponde as variáveis de proximidade ou distância a pontos de valorização importantes e t corresponde ao período de tempo em que a avaliação é realizada.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A ordem que faz falta

quinta-feira, outubro 17, 2013

Sem dúvida!
Há muito que o dizemos, precisamos de uma nova ordem para a avaliação patrimonial  em portugal. Reproduzimos hoje um artigo que apela a esse movimento dos avaliadores já em 2013.


A Falta de Regulação

Muitas das Profissões têm Ordens ou Instituições que regulam e emitem o Título Profissional aos seus associados. Apenas os seus membros podem exercer as respectivas actividades. Algumas delas exigem que os candidatos a membro realizem exames de admissão apesar de terem concluído com sucesso a formação escolar.

Apesar de se ter a formação em Engenharia, não se pode exercer a profissão a não ser que se esteja inscrito numa das Ordens existentes. Na Ordem dos Engenheiros, o cartão de membro é a Cédula Profissional.

Tal procedimento não se verifica na Profissão de Perito Avaliador de Imóveis.

A Falta de Legislação

A Norma Brasileira (NBR 14653) sob o título geral “Avaliação de bens” fixa as directrizes para avaliação de bens. Esta Norma encontra-se dividida em sete partes: Procedimentos gerais; Imóveis urbanos; Imóveis rurais; Empreendimentos; Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral; Recursos naturais e ambientais; Patrimónios históricos. Define de um modo rigoroso os procedimentos que devem ser adoptados na Avaliação.

A ORDEN ECO/805/2003 Espanhola estabelece procedimentos para o cálculo do valor de avaliação dos imóveis e de certos direitos de propriedade.

Em Portugal não há Legislação equiparável. Há entidades (CMVM, Instituto de Seguros de Portugal, …) que publicaram Regulamentos ou Normas (não Legislação) aplicáveis apenas a trabalhos de avaliação efectuados para essas mesmas entidades.

A Ordem de Grandeza

A Avaliação Imobiliária é a determinação do Valor de um imóvel. De um modo geral, entende-se como Valor o Valor de Mercado. O International Valuation Standards Council (IVSC) define Valor de Mercado como sendo: “O montante estimado para a transacção de um activo ou passivo à data da avaliação entre um comprador e um vendedor dispostos e sem qualquer relacionamento, após um período adequado de comercialização, e em que as partes tenham agido de forma consciente, prudente e sem coerção”. Como se verifica, avaliar não é emitir uma opinião. É, de um modo muito simplista, uma estimativa de valor, ou seja, uma ordem de grandeza (dentro de limites razoáveis). Nos dicionários pode-se verificar que o significado de estimativa é “cálculo aproximado, consideração, juízo, avaliação”.

Há entidades que exigem que os seus imóveis sejam avaliados, em cada momento, por dois Peritos distintos e independentes. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários - CMVM, no seu Regulamento n.º 8/2002, aceita que estas duas avaliações não “divirjam entre si, tendo por referência a mais baixa das avaliações, mais do que 20 %”.

A Desordem

Como em todas as profissões e actividades, também na área de Avaliação Imobiliária há bons e menos bons profissionais. É numa “ordem de grandeza” que se refugiam alguns “profissionais” que exercem a actividade de Perito Avaliador de Imóveis.

A Ordem de Valor

Em Portugal há algumas Associações (APAE, ANAI) que convidam os Peritos Avaliadores a serem seus membros. Trata-se de Associações de carácter particular, sem qualquer delegação de poderes do Estado, ao contrário do que se verifica nas Ordens Profissionais.

Uma avaliação não serve para dar uma opinião ou indicar uma “ordem de grandeza”. Serve para determinar um atributo quantitativo, único, a um bem imóvel.

O mercado necessita de alguém que traga Ordem e, ao mesmo tempo, Valores a esta Profissão. Uma Avaliação não se traduz numa opinião nem numa “ordem de grandeza”. Por isso o sector precisa urgentemente de uma Ordem, de Valores, de Regulação. É urgente a criação de uma Ordem de Avaliadores que regule, fiscalize e tutele a actividade de Perito Avaliador de Imóveis. A outorga da Cédula Profissional poderá ser precedida de exames de qualificação e selecção.

De notar que a Profissão de Perito Avaliador de Imóveis poderá ser exercida por licenciados de diferentes áreas (Engenharia, Arquitectura, Economia, …).

Francisco Espregueira, MRICS;Perito Avaliador de Imóveis ;http://out-of-the-boxthinking.blogspot.pt/2013/10/a-ordem-que-faz-falta.html#.WHfdOBuLSUkfrancisco.espregueira@sapo.pt


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

[2ª Edição] ITeCons, Coimbra - Engenharia de Avaliações


Curso Inferência Estatística e Regressão Linear Simples e Múltipla. Curso sobre a temática das Avaliações de Bens Imobiliários com objetivo de proporcionar aos participantes conhecimentos de Inferência Estatística aplicados na Engenharia de Avaliações, com aplicação de modelos de regressão linear múltipla, seguindo normas internacionais e os preceitos determinados pela NBR 14.653-2 da ABNT.
O público alvo desta acção são profissionais ligados à atividade de avaliação imobiliária com necessidade de aprofundar os seus conhecimentos nas metodologias cientificas de avaliação, e todos aqueles que pretendem iniciar-se neste tipo de avaliações.
Os formandos serão convidados a desenvolver diversos trabalhos práticos de forma a consolidar os conhecimentos adquiridos. No final, dependendo do aproveitamento atingido será emitido um certificado de formação profissional com avaliação quantitativa.

Neste contexto, o ITeCons irá promover a 2ª Edição desta acção de formação, leccionada pelo Eng.º José Cardoso da Silva, a decorrer nas instalações do ITeCons, no seguinte horário:

- Dias 20 e 27 de Janeiro e 3, 10 e 17 de Fevereiro de 2017, das 15:00 às 21:00 (sextas-feiras).

Os formandos que frequentem no mínimo 80% da acção de formação, receberão gratuitamente uma licença do software CastleR®, por um período de seis meses, sem limite de emissão de relatórios de avaliação.