“Não deixarei de fazer
um apelo para que as Câmaras apliquem as taxas do IMI o mais baixo possível,
por forma a aliviar a carga fiscal aos cidadãos, mesmo que para tanto se adiem
obras menos necessárias. A MELHOR FORMA DE UM MUNICÍPIO AJUDAR OS MUNCÍPES É
REDUZIR OS IMPOSTOS E TAXAS MUNICIPAIS.” Fernando Costa, Pres. C.M. Caldas da
Rainha, SCn., 10.11.2012
Entretanto
estão em avaliação até ao final do ano cerca de 5,3 milhões de fogos.
Trata-se
de uma receita municipal. O valor patrimonial tributário é um postulado. Os
Órgãos de Soberania postulam como é calculado, com regras jurídicas
cautelarmente complexas, às vezes enviesadas, muitas vezes vagas. O Decreto-Lei
287/2003 já vai na 20ª (vigésima) alteração. As dúvidas entre os próprios
especialistas exigem "Circulares" de interpretação. A “Troika” quer
certezas. A soma dos valores patrimoniais tem de produzir, pelo menos, mais
cento e cinquenta milhões de euros de imposto por ano, face a anos transactos.
Facilmente se estima que produzirá cerca de dez vezes mais.
Em 2015, quando já não houver o limite máximo de subida de setenta e cinco euros por contribuinte, (que a proposta de OE para 2013, pretende suspender) a APAE- Associação Portuguesa de Avaliações de Engenharia, contas feitas, estima um acréscimo de 128% face aos mil e cem milhões de euros de receita anual, que prevê para 2012. Ou seja mais de 2,3 mil milhões anuais.
O
Governo porfia em provar que vai além da “Troika”. Só não diz quantos milhões,
dezenas ou centenas de milhões pensa colher a mais, dos (pseudo) proprietários
das casas. Ao olharmos para os colossais milhões da dívida das autarquias, recentemente revelados, com benevolência somos levados a pensar que o melhor será o
Governo criar mais uma almofada. Quem paga mais trinta euros também paga mais
sessenta. Ou mais cem.
Cinco
milhões de imóveis, a uma média de duzentos euros por ano, rendem
aproximadamente mil milhões de euros. Já pagam parte dos juros anuais para os
credores. Um ano para fazer a Avaliação Geral. Claro que aumentar o valor
patrimonial, quando o valor de mercado está em queda é uma contradição. Proudhon dizia que a
propriedade é um roubo – exceto as pequenas casas, como a dele próprio. Na
aldeia diz-se que quem rouba a ladrão tem cem anos de perdão.
O
valor patrimonial tributário tem impacto relevante sobre famílias e empresas. O
"Estado Novo" baseou o imposto imobiliário no rendimento, e bem!.
Aquando da grande reforma fiscal a criação do Imposto Único, unificou todos,
menos um: o imposto sobre imóveis. Procedeu-se então a uma mudança ideológica
estrutural: o imposto passou a ser sobre o valor patrimonial e não sobre o
rendimento, como devia. Logo decidiu-se que seria suportado pelo proprietário,
tenha ou não rendimento do prédio.
A
justificação técnica e moral foi simples: é justo que o município seja
ressarcido dos custos que suporta com os prédios, tais como iluminação,
escolas, ruas, água, etc. A deformação ideológica assentou, assim, numa
contradição: a grande maioria dos serviços municipais é prestada não ao
proprietário, quanto tal, mas ao utente (inquilino ou proprietário). Os prédios
não produzem esgotos nem bebem água ou vão ao jardim. Nem usam transportes. Os
utentes, sim. E as infra-estruturas são sempre pré-custeadas pelo promotor, em
obras e taxas a que obriga o licenciamento.Para o resto já se pagam taxas!
Estas
medidas provocarão aumentos brutais do imposto (três, quatro vezes ou mesmo
mais sobre o valor pago no antecedente)! Mas afinal esta não é uma nova medida
de austeridade! O IMI existe desde 2003
e tem sido pago, só por muitos poucos. O alargamento da base tributária
para todo o universo edificado, gerará receitas absolutamente extraordinárias para
as Autarquias, pelo que será desejável e expectável uma descida significativa
das taxas de incidência, a aplicar.
Apesar
de anunciado um regime especial de proteção às famílias de mais baixos
recursos, a verdade é que a maioria dos proprietários, em muitos concelhos com autarcas
em aflição financeira vão ter no IMI
uma oportunidade de recuperação e vão confrontar sem pudor, os munícipes
com valores simplesmente insuportáveis e imorais.
"A luta contra a
desproporcionalidade ou mesmo o arbítrio dos impostos foi sempre a base das
iniciativas vitoriosas dos avanços políticos do povo (democracia), mesmo antes,
muito provavelmente, da Magna Carta, imposta a João Sem Terra. E parece-me
evidente ser a hora, mais uma vez que o "soberano" está de calças na
mão, para lhe ganhar maior controlo sobre a arrecadação fiscal ou para a
regatear contra maiores liberdades, contra a burocracia e por uma "vida
boa", colectiva e pessoal, nas famílias ou solta de todo das
"polícias", na feliz acessão anglo-saxónica de dispositivos
socioeconómicos de controlo e vigilância." António Carvalho, 2011 (Juiz
Conselheiro do Tribunal de Contas)
As
Câmaras devem repudiar as taxas máximas e aplicar taxas significativamente inferior a essas, se possível, em ordem a
atenuar a monstruosidade da carga fiscal sobre os seus residentes. É o mínimo
que se espera daqueles representantes dos cidadãos!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Grato pela sua participação.